No total em cinco anos de mandato o deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos), morador da cidade, destinou R$ 37 milhões em investimentos para o Guará. Todas as emendas foram executadas. Esse montante é questionado por algumas lideranças comunitárias, porque a maioria delas foi executada por outros órgãos do governo, como Secretaria de Infraestrutura, Secretaria de Educação, Novacap, Ceb e Caesb, e não são visibilizadas como sendo de emendas parlamentares por não terem sido executadas pela Administração do Guará, que ele apadrinha politicamente, ou porque foram destinadas à troca de iluminação pública, drenagem pluvial, que não são investimentos tão ostensivos aos olhos. Esse questionamento aumenta à medida em que se aproximam as próximas eleições no DF, por razões óbvias. Somente para a conclusão da Escola Técnica, na contrapartida do governo do DF, foram quase R$ 7 milhões de emendas parlamentares de Delmasso.
Ele é questionado também por lideranças comunitárias pelo que elas chamam de “coronelismo”, por insistir em manter o controle político da Administração do Guará, mesmo com pouquíssimos dividendos políticos como resultado. Neste caso, ele alega que esse controle é estratégico para ajudar a viabilizar a execução de suas emendas, mesmo que indiretamente – embora sejam executadas por outros órgãos, os investimentos na cidade passam pela autorização, vontade política e pelo empenho do administrador regional.
O governo está anunciando investimentos de quase R$ 4 milhões no Guará ainda em 2020. Onde serão investidos e qual a origem dos recursos?
São R$ 1 milhão em iluminação, R$ 700 mil para câmeras de monitoramento, mais R$ 1 milhão para recapeamento e R$ 575 mil para calçadas, tudo em emendas minhas ao Orçamento do DF, sem contar o que que repassamos às escolas, através do PDAF, totalizando R$ 3,275 milhões de emendas minhas para a cidade, que serão executadas ainda este ano.
R$ 1 milhão será para o recapeamento da QE 15. Por que somente a 15 e não todas as quadras?
Não há preferência e nem discriminação. É apenas a sequência. Já fizemos a QE 13 no ano passado e agora será a vez da QE 15, depois da QE 17 e assim por diante. Todas as quadras serão contempladas.
Há três anos seguidos o sr. destina recursos para a instalação de câmeras de videomonitoramento em pontos estratégicos da cidade. Por que somente agora a emenda será executada?
Porque o projeto técnico sofreu ajustes e agora a licitação foi resolvida e as câmeras serão instaladas. Serão R$ 700 mil de emenda parlamentar minha. O GDF vai adquirir e instalar 50 equipamentos pelo Guará, ampliando o projeto de videomonitoramento. São câmeras OCR, de alta resolução para identificar rostos.
Do ponto de vista da segurança pública, Guará é considerada cidade de trânsito, ou seja, os bandidos vem aqui para roubar e furtar e depois fogem, porque não moram aqui. Para dentro das quadras será numa segunda etapa, quando toda a iluminação for trocada por Led, porque as lâmpadas de vapor de sódio não permitem a captação de imagens nítidas. A previsão é que a instalação seja iniciada no fim desse mês. O videomonitoramento permite, entre outras coisas, identificar suspeitos de crimes e auxiliar investigações policiais. O Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob) é responsável pelo monitoramento das imagens, que contribuem, junto com o policiamento ostensivo da PMDF e planejamento de operações feitas pela PCDF, para a diminuição da criminalidade e o aumento da segurança;
A maior parte de suas emendas para o Guará tem sido destinadas para reforma e melhorias das escolas públicas. Por que?
Sempre indicamos ao menos R$ 1,5 milhão para o Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária (PDAF), que disponibiliza recursos financeiros em caráter complementar e suplementar diretamente às unidades escolares e coordenações regionais de ensino da rede pública de ensino do DGuará. É um compromisso de nosso mandato. Mas, como há escolas que não prestaram contas à Secretaria de Educação, ou as contas não foram aprovadas, temos o cuidado de indicar recursos apenas às que tem condições de executar os recursos ainda este ano. Regularizada a situação destas escolas, voltamos a enviar os recursos. A educação é prioridade no nosso mandato.
O governo está anunciando a construção da creche pública do Guará. Para quando?
Para a creche pública do Guará, ao lado do Centrão, o projeto do FNDE está encaminhado, mas por falta de recursos do fundo, a construção apenas deve acontecer no ano que vem. Por conta da escassez de recursos no FNDE, a do Guará apenas poderá ser licitada pela Novacap no próximo ano.
Nossa intenção agora é garantir recursos para a construção do novo prédio do Centro de Línguas do Guará (Cilg) e da nova sede da Coordenação Regional de Ensino. Ambos serão instalados próximo ao Centrão, entre as QEs 17 e 19, e da Escola Técnica. Ali será um grande complexo educacional do Guará. E onde hoje é a Regional de Ensino, queremos trazer uma creche para aquela região do Guará (QEs 38, 42, 44 e 36), que ainda tem muita carência.
O sr. tem coordenado a regularização dos condomínios horizontais da cidade – Guará Park, Bernardo Sayão e Iapi. Em que pé está e qual a previsão de conclusão?
O projeto para a mudança de nome dos condomínios do Guará para Guará Park está em andamento, após uma audiência pública online com a população da cidade no mês passado. Ele agora será analisado pela Comissão de Assuntos Sociais da Câmara Legislativa, depois para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e daí vai para o plenário. O plenário vota em dois turnos e segue para a sanção do governador.
A regularização do setor está andando bem. O Plano Urbanístico está nos detalhes para fechar e as obras de infraestrutura devem voltar nos próximos meses. As obras na Colônia Agrícola Águas Claras (Guará Park) até a chácara 11, no valor de R$ 20 milhões de reais, serão iniciadas agora, com a assinatura do contrato. Da chácara 11 até a linha férrea, a previsão de entrega das obras é em outubro deste ano. Na Colônia Agrícola Bernardo Sayão as obras estão 70% concluídas. Na segunda metade do Bernardo Sayão até o IAPI, as obras serão retomadas em outubro deste ano. Essas obras compreendem pavimentação asfáltica e urbanização de todo o setor. Com o fim dessas obras, a regularização deve acontecer até 2021.
As quadras empresariais da cidade – QE 40, Polo de Moda e Setor de Oficinas – foram em parte desvirtuadas e transformadas em residenciais. E ainda tem a ocupação irregular da área ao lado da linha férrea. Como regularizar e resolver os problemas provocados por esse desvirtuamento?
Os problemas dessas quadras vêm justamente da ocupação irregular. Uma área onde deveria ser apenas comercial e industrial, foi adensado, inclusive com os novos prédios, bem próximos entre si. Estamos fazendo uma incursão pela Secretaria de Empreendedorismo para criar uma nova área de desenvolvimento econômico em Brasília, no SMAS, entre o Guará e o SIA. E a intenção é oferecer primeiro aos proprietários de oficinas do Guará, para ocupar essa nova área. Ou se realoca as oficinas, ou precisa de um estudo urbanístico mais denso. Na praça central do Polo de Moda e em outros lugares, já solicitamos um estudo para a construção de bolsões de estacionamento.
Um dos principais problemas dessa ocupação desordenada e irregular é o recolhimento do lixo, por causa da dificuldade de acesso dos caminhões por entre as ruas, e a falta de consciência dos próprios moradores.
Qual seria a solução?
Solicitamos a instalação de papa-lixos, ou pontos onde as pessoas pudessem deixar o lixo até a coleta ser realizada. Isso diminuiria muito a quantidade de lixo na rua. Infelizmente, o SLU entende que este tipo de equipamento não cabe no local. Agora estamos estudando um projeto de lei para que esse tipo de instrumento seja colocado em qualquer locar do DF, por uma questão de saúde sanitária.
Por que o sr. não destina suas emendas para que sejam executadas diretamente pela Administração do Guará?
Porque existe uma lei que determina que a execução de contratos a partir de um determinado valor tem que ser feita por técnico especializado, o que a Administração não dispõe. Por isso, defendo concurso público para qualificar o quadro, até para dar continuidade de um governo para outro. O governador Ibaneis prometeu liberá-los em breve. A pandemia atrasou muitas providências que seriam tomadas pelo governo.
Como está a sua sugestão de se implantar um Na Hora no prédio da Administração do Guará?
Já solicitei à Secretaria de Justiça e Cidadania um levantamento do custo da implantação, para que eu possa destinar emendas para a execução. Estou aguardando para incluir as emendas no Orçamento do DF de 2021. Será um centro administrativo, com todos os serviços do Governo do DF.
O sr. está se empenhado diretamente na implantação de grandes projetos para o Guará. Como está o andamento desses projetos?
A previsão é abrir a licitação até o segundo semestre deste ano para o Complexo Hospitalar da Região Centro-Sul. A Novacap e a Secretaria de Economia estão finalizando o processo. Por outro lado, já garantimos a parceria do governo federal, através do vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marcos Pereira, presidente do meu partido, com recursos necessários para a implantação da primeira parte. Vamos fechar a primeira fase da troca da iluminação pública por led no primeiro semestre, no Polo de Moda, e ainda das quadras ímpares do Guará I e da quadra Lúcio Costa até o final do ano. Em 2021, vamos trocar as lâmpadas das quadras pares e da via central do Guará II.
E a PPP do Cave e da Avenida das Cidades?
Bem adiantadas, como o próprio secretário de Projetos Especiais, Everardo Gueiros, disse na entrevista ao Jornal do Guará. E o kartódromo também. O kartódromo será de padrão internacional, semelhante ao de João Pessoa (PB), que também foi privatizado.
O sr. já disse que a população guaraense não tem te dado os votos na proporção dos investimentos que o sr. destina para a cidade. Por que, então, o sr. insiste em apadrinhar o administrador regional e continuar destinando emendas para o Guará?
É verdade que ainda não tive o reconhecimento pelo que acredito que tenha feito pelo Guará, mas já melhorou na última eleição, quando aumentei minha votação de 20 mil votos em 2014 para 23.900 em 2018 e a maior proporção desse aumento veio do Guará. Mas tem outro motivo, independente do retorno político: escolhi morar no Guará e criar minha família aqui. Quero, por exemplo, andar no calçadão com minha filha e dizer a ela que fui o responsável pela melhoria da iluminação pública. Quando passarmos em frente à Escola Técnica, dizer a ela que ajudei a concluir a escola com minhas emendas parlamentares. É um motivo mais pessoal. Quero deixar esse legado para a cidade.
Mas o sr. é criticado nos grupos sociais por insistir nesse apadrinhamento…
Por um grupo pequeno, que respeito, mas não influencia minhas ações ou me desanima. Pelo contrário, me anima a trabalhar cada vez mais pela cidade, até eles ficarem falando sozinhos.
Fonte: Jornal do Guará