Deputado guaraense garante que os investimentos previstos para a cidade, no valor de mais de R$ 100 milhões, não são “factoides” e são todos exequíveis
Morador da cidade, o deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos) tem se notabilizado por anunciar grandes projetos para o Guará nos últimos anos, mas poucos deles executados até agora, o que tem gerado desconfiança das lideranças comunitárias locais. Para algumas dessas lideranças, parte desses projetos não passam de “factoides”. Mas o deputado garante que são projetos exequíveis do ponto de vista técnico e financeiro e que suas execuções dependem da vontade do governo. Delmasso, entretanto, garante que acompanha e cobra quase todos os dias a execução dos projetos anunciados e em alguns deles age diretamente para resolver entraves burocráticos. Ele explica também porque mudou de ideia em relação à privatização do Cave.
O sr. tem anunciado grandes investimentos para o Guará nos últimos anos e a maioria deles não tem se concretizado ainda. Por que?
Primeiro, que não sou o governador e nem vice-governador a quem cabe decidir o que é prioridade para o Distrito Federal. Como único parlamentar morador do Guará tenho buscado meios para melhorar a nossa cidade. Como parlamentar, tenho articulado, cobrado e buscado esses meios, mas, a partir daí, não depende mais de mim, embora faça cobranças quase diárias sobre eles.
Algumas lideranças da cidade afirmam que o sr. está “jogando para a plateia”, porque são projetos grandes e elas desconfiam que são inviáveis ou não vão acontecer…
É natural que alguns pensem assim e duvidem da execução desses projetos, mas quando forem executados eles vão mudar de opinião. E não tenho dúvidas de que todos eles serão executados. A cidade merece projetos grandes. Tenho trabalhado quase todos os dias para acompanhar todos eles e ajudar a resolver os entraves burocráticos do caminho. Alguns desses projetos ainda não aconteceram porque dependem da parte técnica e a pandemia tem atrapalhado a execução dela.
Vamos por projeto. O primeiro deles e o de maior vulto é o Complexo Hospitalar da Região Centro-Sul no Guará, que começaria a ser construído este ano, mas até agora nem saiu do lugar. Parece mais um projeto pessoal seu…
A construção do Hospital da Região Centro-Sul não é um projeto para atender somente ao Guará, mas toda uma região em volta. Será uma grande solução para boa parte das demandas da saúde pública do DF.
Como o governo não tem recursos para construí-lo, principalmente por causa dos gastos com a pandemia, estou apresentando uma proposta ao Conselho Gestor de PPPs de repassar a construção e gestão à iniciativa privada, nos moldes das santas casas de misericórdia. O investidor que construir terá o direito de explorar, recebendo do SUS pelo atendimento público e dos planos de saúde pelo atendimento particular.
E em que pé está a proposta?
Bem adiantada. Foi bem recebida pelo Conselho Gestor e pelo próprio governador Ibaneis e está em fase de formatação na Secretaria de Projetos Especiais. Lembro que o Plano de Necessidades e o projeto arquitetônico estão prontos. Os próximos passos serão mais rápidos.
Mas o sr. já sabe se há interesse do mercado?
Não tenho dúvidas. Esse ramo hospitalar é um ótimo negócio e tem dado certo em outras regiões do país. Vamos ter uma melhor avaliação desse interesse quando for lançando o edital de chamamento público para elaboração do projeto de viabilidade econômica, quando os interessados vão poder se pronunciar.
O sr. tinha a expectativa de conseguir no orçamento da União deste ano pelo menos parte dos recursos para iniciar a obra, mas não conseguiu. Como o orçamento será votado em março, ainda há esperança de conseguir, ou vai priorizar a PPP?
Consultei cinco dos oito deputados federais e pedi a eles emendas que pudessem começar a viabilizar a obra este ano. Só não conversei com os deputados professor Israel, Érika Kokay e Paula Belmonte. Mas nenhum deles destinaram emendas para o hospital. O meu pedido foi de R$ 100 milhões este ano, o que representa um troco no Orçamento da União. O que me causa estranheza é que a presidente da Comissão Mista de Orçamento é a deputada brasiliense Flávia Arruda, que conhece bem as demandas de Brasília e não se empenhou em ajudar na construção do hospital e sequer respondeu a um ofício que encaminhei a ela solicitando a inclusão da emenda.
Ainda é possível incluir essas emendas no orçamento, que será votado no final de março?
Sinceramente, não acredito. Não vi sinalização de nenhum parlamentar até agora. Por isso, vamos nos concentrar na PPP, até porque o GDF não teria recursos para entrar com a sua parte.
Foi anunciada também a construção de um complexo educacional no Cave. Em que pé está?
Esse não é um projeto do Governo do Distrito Federal. Não existia no planejamento da Secretaria de Educação. Foi uma iniciativa minha, do diretor da Regional de Ensino do Guará, Leandro Andrade, e da administradora regional Luciane Quintana. Fomos nós que procuramos o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e conseguimos os recursos, que já estão disponíveis. Conseguimos R$ 38 milhões. Tem dinheiro e o projeto técnico e está na fase de topografia para a delimitação do terreno no Cave. Esse é o projeto mais fácil de ser executado porque os recursos já estão disponíveis.
Outra obra anunciada e depois confirmada pelo próprio governador Ibaneis Rocha em setembro do ano passado foi a reforma completa da Feira do Guará, no valor de R$ 20 milhões. Em que estágio está?
A reforma da feira teve que ser redimensionada para atender aos interesses dos próprios feirantes. O projeto original previa a reforma completa, inclusive com a construção de novos boxes em blindex, entre outras melhorias significativas, o que exigiria a paralização de todas as atividades durante um período e essa foi a preocupação dos feirantes, que já estão sofrendo com as medidas restritivas da pandemia. Para não interromper totalmente as atividades, o projeto teve que ser readequado e os custos iniciais de R$ 20 milhões foram reduzidos para R$ 10 milhões. A Novacap me garantiu que até o segundo semestre promove a licitação da obra.
Como está a duplicação da via Guará-Núcleo Bandeirante, anunciada numa entrevista coletiva no dia 22 de setembro na Administração do Guará com o secretário de Economia, André Clemente, o presidente da Novacap, Fernando Leite, o secretário de Cidades, Valmir Lemos, a duplicação da via Guará-Núcleo Bandeirante para este ano e o sr?
Tive uma reunião esta semana com o secretário de Infraestrutura e Obras, Luciano Carvalho, sobre o assunto e ele me garantiu que a licitação desse projeto será lançada em setembro e a contratação do serviço entre outubro e novembro. E os recursos necessários, R$ 11,7 milhões, já estão disponibilizados pela Secretaria de Economia. A duplicação também teve que ser readequada e por isso o orçamento foi reduzido, porque o projeto original previa uma trincheira sob a linha férrea, naquela pista de ligação com a via de Arniqueira, que foi retirada na readequação.
Como está o projeto da UPA, que o sr. também anunciou que havia conseguido para o Guará?
Também já fiz a minha parte, que foi conseguir com o deputado federal Luis Miranda (DEM) uma emenda parlamentar de R$ 7 milhões, a ser incluída no Orçamento da União de 2021, para construção da UPA. Como contrapartida do GDF será apenas de R$ 700 mil, não haveria dificuldades. A nossa dificuldade por enquanto é definir o local de instalação, porque o terreno que havíamos imaginado, na QI 23, ao lado da Estação Guará do Metrô e da QE 24, foi dado como garantia ao Iprev (Instituto de Previdência dos Servidores do GDF). Havíamos pensado também no terreno onde é hoje a Regional de Ensino, na QE 38, mas lá agora vai ser destinado ao Centro Interescolar de Línguas (Cilg), que não vai mais para o Salão de Múltiplas do Cave, como havíamos proposto mas a comunidade se posicionou contra. Agora só falta definir o local para a Upa
O sr. é o mentor da privatização do Complexo do Cave e vem lutando por ela há três anos. Mas agora mudou de ideia depois do projeto pronto para ser licitado. Por que?
Eu não mudei de ideia. Continuo achando que a privatização é a única salvação para o Cave, que está todo depredado e sem condições de uso, e o governo não tem interesse na sua recuperação. E mesmo que tenha, a Administração Regional do Guará não tem estrutura para administrá-lo.
Estou contestando o tipo de modelagem, que, da forma que ficou, vai onerar o morador do Guará. Da forma que está sendo proposta, teremos um clube de elite no Guará. Por isso é que estou propondo transferir o complexo para o Sistema S, para que seja socializado.
Mas o sr. já conversou com o Sistema S sobre o assunto?
Sim. O Sesi topa assumir, para desenvolver um projeto semelhante ao que tem em Taguatinga, inclusive com a reforma do estádio do Cave.
O sr. solicitou à Secretaria de Esporte e Lazer a suspensão da licitação. Já obteve alguma resposta do pedido?
Já. Na semana passada o governador Ibaneis me afirmou que o governo não vai interromper a licitação e que, se o Sesi quiser, que entre na licitação.
Fonte: Jornal do Guará